Especialista fala do sentimento comum nos adolescentes e como
enfrentar o período de isolamento social
Período
de estudos, convívio social, integração e descobertas, a adolescência é uma
fase de constantes transformações. Em processo de desenvolvimento, o adolescente
passa por diversos sentimentos e características do período. Segundo dados IBGE
(Instituto Brasileiro Geografia e Estatística), mais de 68 milhões de
adolescentes no país sentem os impactos da pandemia da covid -19.
Em
isolamento social e com atividades restritas, o período pode ser observado
pelas experiências de integração e socialização. “A vergonha pode ser entendida
como um sentimento experienciado e refletido, é bastante ligado às
expectativas, padrões e normas sociais, tendo relação com o medo pela
desaprovação, avaliação e julgamento do outro. Então, entendendo que a
adolescência é um processo do desenvolvimento repleto de mudanças, pressões,
busca por afirmação e construção de identidade, pode ser que a vergonha se
torne mais frequente e intensa”, reforça a psicóloga Nájila Cristina Camargo,
do Marista Escola Social Santa Mônica.
A influência das redes
Diante
da pandemia da Covid-19, muitas experiências, como encontros, festas de
aniversário e outras atividades estão sendo realizadas diante das telas. O
termo “vida digital” já tem sido utilizado para retratar esse novo normal. Para
Nájila, o imediatismo da internet necessita de uma série de cuidados em relação
aos sentimentos dos adolescentes. Por trás das telas é possível se esconder,
disfarçar, responder apenas quando deseja, encerrar uma conversa com uma
curtida, escrever algo que não corresponda ao que realmente se quer falar ou
sente, fazendo com que as reações ou sentimentos se tornem mais controlados ou
até passem despercebidos durante o ato da comunicação. Isso afeta
significativamente a forma como nos relacionamos e na adolescência pode
dificultar no processo de socialização”, revela.
Espaço de acolhimento e escuta
A
escola como espaço de encontro pode promover a acolhida e a escuta desses
adolescentes proporcionando momentos importantes para esse período que estão
vivendo. “As atividades podem refletir sobre as diferenças, incentivar a
participação por meio de diferentes plataformas e dinâmicas e até estabelecer
momentos para que eles opinem e deem ideias sobre o conteúdo e o que pode ser
feio em grupo, aumentando ainda mais a integração entre eles”, reforça
Nájila.
No
Marista Escola Social Santa Mônica, que atende gratuitamente mais de 650
crianças e adolescentes, em Ponta Grossa (PR), o projeto Fala que eu te escuto
fortalece os vínculos entre os estudantes e a equipe multidisciplinar. O
projeto recebeu o Selo SESI ODS, uma certificação que premia boas práticas para
a prevenção e combate da covid-19, assim como o comprometimento com os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela.
A
iniciativa irá continuar durante o ano de 2021. “As percepções, ações e trocas
de experiência são fundamentais na vida escolar. No formato virtual sentimos a
necessidade de um momento para o cuidado e bem-estar. Continuaremos nos
dedicando para que o impacto que essa ação seja ainda mais forte na
rotina, nos estudos e, sobretudo, na saúde mental adolescentes”, explica
Daniela Aparecida Nascimento , diretora da Escola Social.
Para
os pais e responsáveis que passam por esse período. A psicóloga dá dicas de
como lidar com a vergonha na adolescência.
- Expressar os sentimentos é essencial
Com
muito acesso a informação e constantes desafios da rotina, estimular os
adolescentes a expressarem seus sentimentos contribui para que o hábito seja
incorporado nas atividades do dia a dia.
- Valorize as ações
A
vergonha pode gerar dúvidas sobre as próprias capacidades, dessa forma, as
pessoas adultas contribuem demonstrando confiança, valorizando os erros como
oportunidades de aprendizagem, respeitando a diversidade e fortalecendo os
adolescentes através do apoio e incentivo.
- Diálogo sincero e cuidadoso
Dialogar
é um ato de compromisso, não é só uma conversa casual, mas uma oportunidade de
conhecimento de si e da outra pessoa, sendo que nas relações familiares pode
fazer toda a diferença. “É importante ter disponibilidade de tempo, atenção,
não rotular ou julgar algum comportamento, e sim perguntar, demonstrar
interesse, abrir espaço para a aproximação”, reforça Nájila.
- Cuidado com a vida digital
No
período de isolamento social, o cuidado para que as telas não sejam apenas uma
alternativa, mas muitas vezes o único meio de conviver socialmente. Conversar
sobre esse período, e como as pequenas atividades em família podem contribuir
para esse momento de conversa franca e aberta.
- A arte pode ser uma oportunidade de aproximação
Muitas
vezes os adolescentes não se abrem diretamente, mas por meio de seus gostos e
hobbies podem expressar opiniões e sentimentos. Assista aquele filme que ele
gosta, pergunte sobre o jogo que ele acessa, ou o livro que está lendo.
“Falando dos personagens, ações ou acontecimentos daquela série ou filme, o adolescente
pode se sentir mais à vontade para falar dos seus sentimentos.
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