Crise no mercado editorial: pequenas livrarias devem sobreviver no novo normal

 


Enquanto as grandes livrarias fecham as portas, livrarias segmentadas mostram ser o futuro do setor

Antes mesmo da pandemia, as grandes livrarias já mostravam dificuldades em se manter. Muito por conta da mudança do comportamento do consumidor que passou a adquirir os seus livros pela internet. Porém, a loja física ainda era uma opção para os leitores que gostavam de tomar um café, receber indicações ou simplesmente folhear os livros antes de comprar.  

As restrições de convívio social impossibilitaram essas práticas e os anúncios de fechamento das grandes livrarias, principalmente em shoppings, se tornaram frequentes. É o caso da Livraria Cultura, em recuperação judicial desde 2018, este ano a empresa anunciou o fechamento de três unidades, passando de 13 para sete lojas em funcionamento no período de  um ano.

Mas nem tudo são más notícias, na contramão das grandes livrarias, as lojas menos famosas e segmentadas mostram que podem sobreviver à crise do setor. Para Eduardo Villela, book advisor e profissional com mais de 16 anos no mercado editorial, esse movimento no mercado se dá por diversas razões. “As grandes livrarias, normalmente localizadas em shoppings, possuem elevados custos fixos  como aluguel do espaço, propõem-se a vender livros de todas as categorias, mas é muito frequente o leitor não encontrar o título que procura, e a qualidade de atendimento ao cliente deixa a desejar. Já as livrarias menores, geralmente se especializam em um único nicho, como livros de ficção infanto-juvenil ou técnicos, disponibilizando um acervo bastante completo aos clientes. Elas oferecem um atendimento mais personalizado e profissional, feito por poucos funcionários bem treinados ou até pelo próprio proprietário. São detalhes que fidelizam os clientes e os fazem comprar delas, mesmo sabendo que os livros quase sempre custam menos nos grandes sites. Boa parte dos clientes valoriza em primeiro lugar o bom atendimento e outras experiências, como eventos de contação de histórias, saraus e a possibilidade de interação com os autores em sessões de autógrafos, estando dispostos a pagar um pouco mais do que na internet. As lojas menores sempre terão diferenciais impossíveis de serem replicados pelo varejo online.”, explica o especialista.

Apesar do momento ruim enfrentado por todos os perfis de livrarias, para sobreviver, o setor deve apostar na criatividade. “Não é fácil concorrer com as gigantes do e-commerce, mas o caminho para as  livrarias continuarem existindo passa pela melhora do atendimento ao cliente, inovação e oferecimento de serviços exclusivos. Tenho visto, por exemplo, livrarias menores de bairro atenderem o cliente pelo WhatsApp, realizarem delivery nas proximidades, organizarem eventos online com autores etc.", conclui Eduardo.

Eduardo Villela é Book Advisor e assessora pessoas, famílias e empresas na escrita e publicação de seus livros. Trabalha com escrita e publicação de livros desde 2004. Já lançou mais de 600 livros de variados temas, entre eles comportamento e psicologia, gestão, negócios, universitários, técnicos, ciências humanas, interesse geral, biografias/autobiografias, livros de família e ficção infantojuvenil e adulta.

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