Escritor e Mestre em Reiki mostra o quanto somos apegados às imagens que criamos uns dos outros
Praticar
constantemente Meditação acaba por trazer muitos insights, alguns deles são
associados ao que temos chamado de saúde emocional, uma busca de muita gente
que procura pela Meditação a fim de solucionar ou ao menos reduzir algum
estresse em relação às emoções. Mas, meditar nunca é uma prática específica, é
como se tudo fosse vindo num grande “pacote”. A concentração melhora, a
ansiedade é reduzida, a qualidade do sono também aumenta... Porém, o que
destaco aqui hoje é a capacidade que os meditadores desenvolvem de olhar além
das aparências, de adentrarem o mundo real; algo que, a princípio, pode não
parecer muito convidativo, mas que é na verdade um dos benefícios mais
libertadores que existem.
Até você descobrir que não é livre...
“Eu
sou uma pessoa livre!” é o que muita gente afirma, uma vez que acha que
constrói as próprias ideias, que toma as próprias decisões e faz o que bem
entender da vida. Simplesmente o fato de poder estar andando por aí e até ter
uma independência financeira – o que é incrível, não me entendam mal – não faz
de você alguém totalmente livre. Estamos inconscientes de muitas ideias e
comportamentos que temos. Nem sempre nossas opiniões são realmente “nossas”,
não é raro seguirmos modelos de comportamento que nos são empurrados “garganta
abaixo” sem jamais termos questionado se de fato os aprovamos, se nos sentimos
bem de coração em relação a eles. Antes de começar a se tornar livre, você
precisa admitir que não é, ao menos não totalmente. É como dizer que você
precisa esvaziar o copo antes de enchê-lo com algo novo. Isso pode ser doloroso
para muita gente, uma desilusão saber que está vivendo de acordo com o que
outros disseram e jamais sequer investigou o que sente de verdade.
O caminho do desapego
Esse
quadro mostra o quanto somos apegados aos conteúdos psicológicos. Tão apegados
que eles já se tornaram parte das nossas identidades. O que torna tão difícil
questioná-los, como se residisse ali um medo de deixarmos de ser quem somos.
Porém, quem somos verdadeiramente ainda está por ser descoberto. Às vezes o que
achamos que somos não passa de uma imagem. E seja essa imagem inventada por nós
ou imposta por terceiros vai acabar por cobrir a nossa essência, a nossa alma,
a nossa consciência, e enquanto existir vai dificultar nossa jornada interior,
impedindo nossa autodescoberta. À medida que você se observa durante a
Meditação, poderá perceber que o problema nem está tanto nessas imagens, mas no
quanto estamos grudados nelas, então a chave de uma transformação interior e,
consequentemente, exterior passa pelas relações que temos com o que está dentro
de nós.
Relacionando-se com as imagens e não com as pessoas
No
meu livreto “Não há espelhos no jardim, floresça para si mesma” cuidei de
mostrar como todos esses enganos prejudicam a nossa saúde emocional, e ao mesmo
tempo falo de caminhos para mudarmos essa direção em busca de uma felicidade
autêntica. É preciso libertar-se dessas imagens. Há pessoas que constroem
imagens do que seria um ser humano ideal e seguem pela vida com elas debaixo do
braço. Entram em relacionamentos onde essa imagem se adaptou bem em outra
pessoa e sofrem muito quando vem uma desilusão, que será proporcional à expectativa
quanto ao que foi idealizado. E saem desses relacionamentos levando a mesma
imagem que tentarão encaixar em outros. Ou desistem ao longo da vida, ou se
acomodam onde algum “encaixe” aconteça. Como se dissessem: “É melhor do que
nada”. Meditar nos leva a abandonar a ideia de um mundo “como deveria ser” e a
aceitar o que é real. Na aceitação, a transformação acontece. Nessa prática,
começamos a nos relacionarmos com as pessoas sem esperar que elas sejam apenas
marionetes nas nossas mãos, o que também nos liberta de passar pela mesma
situação. Negar a verdade de cada um é um erro que traz muita dor, muito
sofrimento. Viver exige coragem, exige ver além. Afinal, espiritualidade também
é um jeito de ver. E meditar tira cada vez mais a “sujeira” acumulada no nosso
olhar, para que o mundo se revele-se a nós, para que encontremos nosso reflexo
real. Acredite em mim, há beleza no mundo e em você também, em grandes porções,
porém é preciso que você aprenda a ver novamente, como uma criança. Pois,
interiormente, até os seus desequilíbrios podem guardar imensos tesouros,
infinitas possibilidades...
Sobre o autor:
Luís A.
Delgado foi ganhador do prêmio "Personalidade 2015" na categoria Arte
Literária pela Academia de Artes de Cabo Frio-RJ – ARTPOP, e agraciado com o
prêmio Clarice Lispector de Literatura na categoria "Melhores
Romancistas" pela Editora Comunicação em 2015. Atualmente é sócio
correspondente na Associação dos Diplomados da Academia Brasileira de Letras e
Mestre em Reiki e Karuna Reiki, possuindo o mais alto título que um
profissional do Reiki possa ter.
Luís é autor
da série de livretos "Janelas da Alma", disponíveis na Amazon (https://www.amazon.com.br/dp/B08PC1LF7L),
onde aborda temas relacionados a autoconhecimento, meditação e espiritualidade.
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