Luís Delgado
Você
já tentou meditar e não conseguiu, e acha que isso aconteceu por que é uma
pessoa ansiosa? Então, calma, não é bem assim. Muita gente procura por
Meditação pelas mais variadas necessidades, mas, vai por mim, hoje em dia um
dos principais motivos é a ansiedade, sem dúvida. Tanto as pessoas mais
chegadas às terapias alternativas quanto aqueles que não são afins a esses
caminhos certamente tentaram encontrar na prática meditativa uma solução
definitiva ou ao menos uma forma de reduzir os impactos desse estresse
emocional, por conta de transtornos no trabalho, nos estudos e relacionamentos.
Mas, afinal de contas, o que Meditação tem a ver com ansiedade? Como alguém que
pratica há mais de dez anos, e que já passou por tratamentos médicos para esse
problema antes, é que venho aqui trazer a minha contribuição para você.
Ansiosos também meditam
Para
começo de conversa, ninguém precisa se sentar para meditar no momento em que a
ansiedade surge. Isso é praticamente impossível. Também não se trata de ter que
passar obrigatoriamente dez, vinte ou trinta minutos meditando. Então, os
ansiosos podem encontrar brechas em algum momento do dia para meditarem, mesmo
por períodos curtos, e sequer precisam ficar sentados ou parados, se isso for
incômodo, pois há várias posturas, isso sem contar que elas não são
obrigatórias. Na verdade, a ideia de que a Meditação é um sistema imutável e
rigoroso é falsa. Isso parte de um entendimento errado, onde se confundem os
recursos para se alcançar o estado meditativo com uma espécie de “jeito certo”
de se fazer a coisa. No meu livro, “Tudo o que você precisa aprender para começar
a meditar”, esclareço dúvidas como essa, e cuidei de explicar isso ao leitor,
mostrando vários recursos e como eles podem ser adaptados a diferentes
necessidades de tempo, espaço, problemas de concentração e outros. Uma escolha
correta dos recursos e um entendimento simples acerca do tempo e do ambiente
onde meditar ajudam qualquer pessoa a ter êxito na prática, inclusive as
ansiosas e impacientes. Dito isso, o próximo ponto importante a saber é que a
Meditação se relaciona com a ansiedade a curto e a longo prazo.
Não se arranca a ansiedade e joga pela janela
Muita
gente acha que pode fazer exatamente isso, tirar a ansiedade de si, como se
fosse uma coisa, jogar fora, e voltar a ser quem sempre foi. Contudo, o que a
experiência tem mostrado é que não é bem assim. Os nossos desequilíbrios são
transformados, harmonizados, jamais expulsos. Meditação leva a relaxar e,
segundo pesquisas já na década de setenta, por um cardiologista americano, Dr.
H. Benson, o sistema cardíaco responde positivamente ao relaxamento. O que
também pesquisas posteriores demonstraram. Então, no nível imediato, a
Meditação reduz sim a ansiedade, uma vez que a prática atinge o nosso
organismo, o que é percebido na mudança da respiração enquanto se pratica, bem
como no bem-estar que se sente, ainda que seja uma técnica de mais ou menos
cinco minutos. Esse é o impacto imediato, porém, como disse, é o começo de uma
transformação...
Uma consequência, e não uma causa
Algo
muito interessante em Meditação é o fato de ser uma transformação conduzida com
leveza, e de um jeito diferente, onde não há raciocínio exatamente. Nossa
clareza mental vai aumentando na medida em que meditamos com alguma constância
e, por isso, vamos vendo aos poucos como funciona nosso processo mental, como
nos relacionamos com o que sentimos e, assim, acabamos entendendo mais a cada
dia a nós mesmos. Passamos nossas vidas achando que a ansiedade é uma causa, no
entanto ela é uma consequência. Estamos o tempo todo construindo e fortalecendo
o ambiente onde a ansiedade inevitavelmente acontece. Não tem como ser
diferente. Mas que ambiente é esse? É o ambiente das nossas relações, as
relações que temos com o que sentimos, pensamos, com as imagens que fazemos de
nós e dos outros. Quando a ansiedade é aceita e nós começamos a mudar o modo
como nos relacionamos com o nosso mundo interior, então o ambiente vai se
transformando também. Aos poucos ele não é mais “adequado” ao surgimento da
ansiedade, e ela vai murchando, aparecendo apenas aqui e ali, ficando sem
importância. Essa é a dimensão do longo prazo. Porém, a ansiedade não
desaparece, ela se transforma em outra coisa, a sua energia vai se convertendo
em autoconfiança, criatividade. Nisso, você se reequilibra, entende o que é
harmonia espontânea, e inevitavelmente se descobre ao longo do processo de
forma saudável. Afinal, saúde também é consequência, consequência da paz
interior. Boa meditação a todos!
Sobre o autor:
Luís A.
Delgado foi ganhador do prêmio "Personalidade 2015" na categoria Arte
Literária pela Academia de Artes de Cabo Frio-RJ – ARTPOP, e agraciado com o
prêmio Clarice Lispector de Literatura na categoria "Melhores
Romancistas" pela Editora Comunicação em 2015. Atualmente é sócio
correspondente na Associação dos Diplomados da Academia Brasileira de Letras e
Mestre em Reiki e Karuna Reiki, possuindo o mais alto título que um profissional
do Reiki possa ter.
Luís é autor
da série de livretos "Janelas da Alma", disponíveis na Amazon, onde
aborda temas relacionados a autoconhecimento, meditação, espiritualidade
e
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