Com proposta de investimento inédita, startup que ensina Libras conquista quatro dos cinco “tubarões” do Shark Tank Brasil



 

Participação do DuoLibras no reality show foi exibida pelo Sony Channel na última sexta-feira (27). Demonstrando a importância do ensino da língua de sinais, os sócios da startup curitibana conquistaram o apoio dos sharks. 

 

A proposta foi inédita. Pela primeira vez, o Shark Tank Brasil recebeu uma oferta comercial que não envolvia recursos monetários. O reality show do Sony Channel que coloca empreendedores cara a cara com grandes empresários e investidores para apresentar ideias dessa vez teve a participação de um negócio inovador, que busca aliar lucro e impacto social positivo por meio do ensino online da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A startup curitibana Duolibras participou da 5ª temporada do Shark Tank Brasil e propôs aos “tubarões” 2% da empresa em troca de 15 minutos semanais de mentoria.

 

A avaliação dos sharks não poderia ser melhor. Dos cinco investidores, quatro decidiram entrar no negócio e um deles resolveu se tornar cliente do curso de Libras. “Desde o início a gente sabia que o propósito maior da participação do programa seria essa conexão com grandes players do mercado para impulsionar a inclusão das pessoas surdas e estamos muito satisfeitos em saber que eles compraram essa ideia”, comenta um dos sócios, Márcio Ballera. Os empresários João Appolinário, Camila Farani, Carol Paiffer e José Carlos Semenzato ingressaram na causa e propuseram 10% de participação cada. Já Caito Maia afirmou ter interesse em se envolver como cliente, comprando o curso para qualificar seus colaboradores na língua de sinais. 

 

A exibição do episódio gerou entusiasmo entre pessoas e organizações que atuam em prol da inclusão das pessoas com deficiência. Durante o pitch para os tubarões, além de apresentar o formato de ensino da DuoLibras e buscar recursos para o negócio social, os sócios Márcio Ballera e Manolo Torres aproveitaram o espaço de alta audiência para provocar uma reflexão sobre acessibilidade: nos primeiros quinze segundos o pitch foi exclusivamente em Libras provocando nos “tubarões” o questionamento: qual é a sensação de ser excluído de um discurso de apenas 15 segundos? “Quando nós vamos pro Shark Tank Brasil não levamos só o Duolibras, não é só uma marca, só nosso negócio. É uma causa, envolve a visibilidade gigantesca que os surdos vão ter, a conscientização de ouvintes para que se tenha no mínimo uma compreensão da importância dessa comunicação, porque por falta dela a comunidade surda vive isolada”, comenta Márcio Ballera. 

 

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), 10 milhões de brasileiros possuem algum grau de deficiência auditiva e encontram dificuldades para se comunicar com os ouvintes e falantes da língua portuguesa. A língua oficial permanece praticamente restrita à comunidade surda que corresponde a 5% da população brasileira. Desde 2018, o curso DuoLibras atua na plataforma digital com uma proposta inovadora para disseminar o ensino da Língua Brasileira de Sinais e reduzir a exclusão social da população surda. “Eu cresci vendo meus amigos surdos enfrentarem dificuldades grandes em situações cotidianas simplesmente porque não conseguiam se comunicar”, relata o professor Manolo, intérprete e palestrante de Libras que desenvolveu a metodologia do curso.  Em dois anos de atividades, 2.400 pessoas já fizeram o curso online, mas a meta dos empreendedores sociais é muito mais ousada: querem construir uma rede de 100 mil alunos fluentes que saibam se comunicar em Libras. 

 

Metodologia DuoLibras

O DuolLibras é um curso 100% online que funciona como um seriado, com personagens que exercem função pedagógica e são interpretados pelo próprio professor que desenvolveu a metodologia e também é tradutor e ator. São 120 episódios em vídeos que apresentam situações reais do dia-a-dia e explicam os sinais durante as intervenções feitas pelo professor. A proposta é ensinar o aluno ouvinte por meio da assimilação dos sinais ao contexto em que é empregado, proporcionando uma imersão na cultura surda. “Isso faz com que o aluno tenha interesse em saber o que vai acontecer no próximo episódio e aprenda de maneira mais dinâmica e divertida. Cada personagem mostra um estilo diferente de se comunicar, porque assim como na língua falada, a língua de sinais reproduz variações, sejam elas regionais ou comportamentais”, explica o professor Manolo, que cresceu  junto à  comunidade surda e é fluente em Libras desde então. Os alunos acessam a cinco aulas-episódios por semana. O curso completo dura seis meses. Mais informações em https://www.duolibras.com.br/.  

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