E
lá se vai 1/3 do ano trancado em casa. Desde março, pais que trabalham, filhos
que estudam, todos se abrigaram em seus lares e uma pergunta começou a ressoar:
o que fazer nesse tempo de reclusão? E eu, como bom professor de música, vou
ser direto na resposta: aprenda canto ou um instrumento musical.
Obviamente,
após uma resposta tão direta, vocês irão me devolver pelo menos duas perguntas.
Por
que aprender um instrumento? É possível aprender um instrumento à distância?
É sobre essas duas questões que pretendo discorrer nos parágrafos seguintes.
Por
muitos anos, ministrei aulas de violão e canto, individuais ou em grupo, para
pessoas de diversas faixas etárias e observei que, normalmente, quem procura um
professor ou uma escola de música tem consciência dos benefícios que o
aprendizado musical pode trazer aos indivíduos.
Na
web podemos encontrar diversos vídeos, artigos, posts em blogs e redes sociais
com os seguintes títulos chamativos: 5 motivos, 12 vantagens, 18 benefícios de se
aprender um instrumento musical. E entre estes tópicos destacam-se
ganhos cognitivos, desenvolvimento da memória, aprimoramento da coordenação
motora, etc. E sempre a música ocupando o posto de ferramenta para a
finalidades distintas.
Aprender
música, na verdade, é tão importante quanto aprender matemática ou
línguas. O psicólogo Howard Gardner possui uma das teorias mais aceitas
na atualidade em relação ao funcionamento do cérebro: a das Inteligências Múltiplas.
Para ele, há nove tipos de inteligência que determinam o perfil de cada pessoa,
e uma delas é a inteligência musical.
Essas
inteligências atuam de forma coordenada para resolver problemas e, por isso,
todas elas são importantes. Podemos dizer, portanto, que desenvolver essa
inteligência musical simplesmente nos deixa mais inteligentes. Além disso, para
os amantes de música, dominar a voz ou um instrumento significa se apropriar da
música, fazendo dela a expressão dos próprios sentimentos, mesmo quando criada
por outra pessoa.
Vencemos
o primeiro passo. O segundo seria viabilizar esse aprendizado a distância, e
esse processo já iniciou há um certo tempo. No Brasil, um dos pioneiros a
oferecer conteúdo para ensino de violão de maneira remota foi o site Cifra
Club. A princípio, as vídeo-aulas tinham o objetivo de ensinar a tocar músicas
específicas, mas com o tempo vieram aulas voltadas também ao desenvolvimento
técnico-teórico dos alunos.
Nos
últimos 10 anos, com o aumento da capacidade de armazenamento dos dispositivos,
a oferta de cursos de instrumentos musicais e de canto se multiplicou por conta
das facilidades permitidas pela tecnologia. Algumas das melhorias foram o
aumento de velocidade de transmissão de dados, a acessibilidade a softwares
livres de edição de áudio e vídeo, o desenvolvimento de tecnologias
educacionais para internet, além do aprimoramento de redes sociais e
aplicativos de streaming e conferências.
Não
se trata apenas de fazer uma chamada de vídeo e realizar uma aula como se fosse
presencial. Isso é o básico que a tecnologia nos permite fazer, mas a relação
professor-aluno de música pode ir muito além, compartilhando produções,
utilizando ferramentas educacionais de maneira compartilhada e produzindo uma
diversidade de materiais que podem complementar os estudos a partir das
ferramentas tecnológicas disponíveis.
Em
poucas palavras, é possível ensinar, aprender e avaliar o processo nas aulas de
música via remota. Agora, o próximo passo é seu: aproveite bem seu tempo
ficando mais inteligente, mais musical e, consequentemente, mais feliz.
Autor:
Alysson Siqueira é mestre em Etnomusicologia e professor no curso de
licenciatura em Música do Centro Universitário Internacional Uninter.
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