Por uma cultura de paz


Vivemos dias violentos. Na verdade, desde que Caim matou Abel, seu irmão, o mundo nunca mais teve paz. A violência paira sobre a vida dos cidadãos de forma aterrorizante, as pessoas vivem com medo e na expectativa de uma tragédia a qualquer momento.

Para uma sociedade criminosa, pode-se colocar um policial para cada cidadão, mas no final todos serão criminosos. As expressões da violência humana se manifestam em diversas formas. Suas marcas estão espalhadas por toda a criação e gravadas na história da humanidade.

Da Primeira Guerra Mundial, nos campos de Beaumont-Hamel, ainda se encontram crateras de bombas e trincheiras feitas pelos soldados, agora tomadas pela relva e escondidas do olhar dos mais desavisados. Na Normandia, um bunker alemão da Segunda Guerra Mundial compõe o cenário de uma praia onde turistas podem tirar fotos. Em Hiroshima, Japão, a apenas 150 metros do epicentro da explosão atômica que matou entre 90 e 166 mil pessoas, na cidade permanecem em pé as ruínas da Cúpula Genbaku, como memorial de um dos ataques mais cruéis da história.

O clímax da maldade humana se evidenciou em Schwartz, Auschwitz, região ao sul da Polônia, onde os nazistas construíram uma rede de campos de concentração e um campo de extermínio para judeus. Estima-se que cerca de 1,3 milhão de pessoas morreram ali.

Ainda que nas guerras se evidenciem a violência e a crueldade humana de maneira expressiva, as rotinas de nossas cidades as fazem constantes. Poucos meses atrás um adolescente de 14 anos morreu baleado com um tiro no abdômen enquanto ia para a escola. Notícias como essa surgem diariamente nas principais mídias. Uma das mais recentes foi o ataque de dois jovens em uma escola em Suzano, deixando 8 mortos e 11 feridos.

Essas coisas não são apenas tristes fatos. São uma constatação de que as expressões da violência humana são, antes de tudo, expressões do ser humano – e que toda expressão mal direcionada culmina em tragédia.

As sagradas escrituras dizem: nos últimos dias haverá tempos difíceis. As pessoas serão egoístas, avarentas, orgulhosas e arrogantes. Elas falarão mal de Deus, desobedecerão aos pais e serão ingratas. Elas não terão amor pelos outros, não perdoarão a ninguém, serão caluniadoras, não terão domínio próprio, serão cruéis e inimigas do bem. Elas também serão traidoras, atrevidas, estarão cheias de orgulho e amarão mais os prazeres do que a Deus.

Com o desenvolvimento das cidades e o avanço urbano, as cidades acabam se tornando focos de violência no Brasil. No ano de 2018 perto de 63 mil homicídios ocorreram no país. São números astronômicos, que nos assustam. O quadro é caótico e as expectativas não são boas, por isso a proposta de engajamento e propagação de uma cultura de paz.

A paz é um valor e uma virtude a ser buscada. Primeiramente, existe lugar para todos no planeta. O meu espaço não deve ser conquistado em detrimento do prejuízo do outro. Devo zelar para que o meu próximo viva bem e tenha as mesmas oportunidades de vida que eu tenho.

Em segundo lugar, devo ter um compromisso de divulgar a paz. Devo dizer e proclamar para todos que é mais fácil viver sem brigas e guerras, que as violências no planeta destroem e prejudicam a criação. Dizer que na história da humanidade milhões perderam a oportunidade de vida devido à violência, sendo que a força e a imposição tiraram a vida de muitos.

Terceiro: os instrumentos sociais disponíveis devem ser usados para a paz. Assim, a educação é fundamental. O indivíduo consciente da bondade e harmonia e com suas necessidades emocionais atendidas não vai usar de violência. As comunidades de fé e mobilização de pessoas devem exercer um papel importante para que a paz seja divulgada. Um grupo que estimula e preza pela violência acaba estimulando a muitos outros.

A paz é possível para todos. Quando assumimos um compromisso com a vida estimulamos a paz e nos aproximamos do nosso próximo, caminhamos na direção da solidariedade e da compaixão entre as pessoas. Viver em paz torna-se mais fácil do que sobreviver em meio às guerras.

Autor: Cicero Bezerra, professor e coordenador do curso de Teologia Bíblica Interconfessional do Centro Universitário Internacional Uninter.

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