Em
"Fios de Ferro e Sal", Wilson Júnior traz ao centro de uma narrativa
fantástica aventuras em alto mar e criaturas místicas, em busca da memória
ancestral dos negros e nativos
Com uma abordagem
crítica ao período colonial, que se afasta do eixo eurocentrado, o historiador
e escritor Wilson Júnior
apresenta uma fantasia que desafia os grilhões conservadores. Em Fios de
Ferro e Sal: Trama Ancestral, o
autor provoca profundas reflexões sobre
resistência, memória e identidade. A realidade vivida no Brasil Império
misturada ao misticismo evidencia as dificuldades encontradas pelos homens
negros e nativos durante a exploração do país.
Os capítulos acompanham as histórias de
dois homens pretos. Kayin, um ferreiro agraciado com os dons de Ogum, que o
ensinou a ouvir e interpretar as mensagens dos metais. Aprendeu lições valiosas
para enfrentar os desafios da vida. Ekundayo, um velho griô morador de uma vila
de pescadores, espalha o dom de cura a partir de unguentos, entre outras
misturas medicinais. Ele carrega uma importante missão traçada por Iemanjá.
As trajetórias dos dois discípulos dos
Orixás se entrelaçam nesta aventura marítima pelas terras coloniais para fugir
das mãos dos homens brancos e preservar a memória cultural negra. Eles
confrontam forças ancestrais e horrores do passado, em meio a criaturas
fantásticas, como Mooby-oh, uma espécie de tartaruga bestial; Tia Nanci, uma
perigosa entidade aranha; e Afogado, um ser misterioso de origem desconhecida.
Nenhuma alma viva à
vista, apenas o lamento do vento soprando pelos buracos. Ekundayo reconheceu o
desenho de um navio negreiro. Seu estômago revirou ao olhar a escada que levava
ao porão. Os degraus, escuros e gastos, conduziam à escuridão. Ele quase ouviu
o arrastar de correntes e os gritos presos no tempo.
(Fios
de Ferro e Sal, p. 192)
Publicada pela Cortez Editora, a obra mostra aos leitores que, assim como os seres
místicos escondidos no fundo do mar, há temores reprimidos dentro de cada um. E
talvez sejam esses os maiores obstáculos.
Fundador do Coletivo Escambau, Wilson Júnior constrói uma história potente sobre representatividade negra na literatura, a importância da
preservação da memória histórica, a valorização das religiões de matriz
africana e a necessidade de narrativas que descolonizem o imaginário cultural.
Fios de Ferro e Sal
resgata e reconstrói por meio da fantasia um enredo silenciado, em que os
negros são protagonistas, os brancos antagonistas e, mesmo ambientado no
passado, reflete os desafios racistas do presente.
Ficha Técnica:
Título do livro: Fios
de Ferro e Sal: Trama Ancestral
Editora:
Cortez Editora
ISBN/ASIN:
9786555555547
Páginas:
256
Preço:
74,00
Onde comprar: Cortez Editora
Sobre o autor: Wilson Júnior é
escritor, editor, professor e historiador. Em 2015, fundou o Coletivo Escambau,
que mantinha as revistas de ficção fantástica Escambanáutica, Feira da Pupa,
Potocando e Noturna. De 2017 a 2022 manteve o canal Escambau no YouTube, onde
falava de literatura, cinema e séries de TV. Pós-graduado em Escrita Literária,
ministrou cursos de escrita na Rede Cuca, organizando os livros Contos da Cuca
(2019), Raízes (2021) e Tecer Mundo (2022), com textos de alunos. Em 2022,
fundou o Coletivo Autores Independentes do Ceará e, em 2023, organizou a
primeira Flice – Feira da Literatura Independente do Ceará. 999 (2022) é seu livro de estreia, seguido de Trama Ancestral (2024), que foi lançado na 27ª Bienal Internacional do
Livro de São Paulo.
Instagram: @wilsonjr.999 | YouTube: Escambau
Sobre a Cortez Editora:
Foi a solidez do trabalho feito que estimulou a
Cortez Editora a expandir e mostrar ao mundo toda a riqueza da cultura
brasileira e a densidade ímpar de seus autores. Seu catálogo é referência nas
áreas de Literatura Infantil e Juvenil, Educação, Serviço Social, Ciências da
Linguagem, Ciências Sociais, Ciências Ambientais e Psicologia.
Site: Cortez Editora
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