ABRIL AZUL: como os festivais de música estão tornando a experiência mais inclusiva para pessoas neurodivergentes?

Festivais investem em acessibilidade com kits sensoriais, suporte especializado e novas tecnologias para incluir pessoas com deficiência

Imagem: Freepik

Os festivais de música experimentam uma curva de crescimento exponencial no Brasil. Segundo levantamento da plataforma Mapa dos Festivais, houve um aumento de 18% no número de eventos no primeiro semestre de 2024, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. O mercado de eventos no Brasil segue em ritmo acelerado e deve alcançar um volume de R$ 141,1 bilhões em 2025, segundo projeções da Abrape (Associação Brasileira de Promotores de Eventos). Esse crescimento representa um aumento de 8,4% em relação a 2024 e reforça o papel dos grandes festivais como alavancas para o setor.

Com o aumento destes eventos, bem como de grandes shows em estádios, é necessário que eles sejam acolhedores para todas as pessoas. Essa discussão tem sido cada vez mais presente nos últimos anos, trazendo mudanças efetivas para o mercado do entretenimento. Historicamente, muitos eventos esqueceram da necessidade de espaços sensoriais adaptados, comunicação acessível e suporte especializado para aqueles que enfrentam desafios em ambientes super estimulantes. Para pessoas autistas, por exemplo, a combinação de luzes intensas, sons altos e grandes multidões pode sobrecarregar a pessoa e dificultar viver a plena experiência do show.

Neste contexto, o Abril Azul, mês de conscientização sobre o autismo, reforça a importância da inclusão e da acessibilidade em todos os setores da sociedade – incluindo o entretenimento. A campanha busca sensibilizar empresas e organizadores de eventos para que adotem medidas como áreas de descanso sensorial, controle de volume de som em determinados espaços, ingresso prioritário e treinamento de equipes para atendimento adequado. Com iniciativas como essas, é possível tornar os festivais mais democráticos e garantir que pessoas autistas e suas famílias possam aproveitar as experiências culturais sem barreiras.

Bons exemplos de festivais inclusivos

Um exemplo é o Lollapalooza, um dos maiores festivais de música do mundo, que conta com edições em países como Brasil, Chile, Argentina, Estados Unidos, entre outros, e que participa das soluções sobre acessibilidade e inclusão para pessoas neurodivergentes em grandes eventos. O festival tem investido em medidas de acessibilidade, como áreas de descanso sensorial, treinamentos para equipes de atendimento e implementação de tecnologias assistivas.

Embora festivais de música e autismo nem sempre sejam palavras associadas, eventos internacionais de grande porte, como os festivais Electric Picnic, na Irlanda, e Glastonbury, na Inglaterra, têm adotado medidas para tornar suas experiências mais acessíveis, incluindo tendas sensoriais para o público neurodivergente. 

Além disso, têm surgido festivais projetados especificamente para esse público, como o Sensoria, realizado em Dublin, como parte de um plano para se tornar a primeira cidade autism friendly do mundo. O evento é gratuito e conta com domos e jardins sensoriais, espaços de relaxamento, atividades táteis e apresentações adaptadas. No Reino Unido, o Spectrum Autism Friendly Festival oferece atividades como oficinas de arte, culinária e teatro sensorial..

“A acessibilidade vai além das adaptações físicas. A disponibilização de informações claras e antecipadas sobre a programação, mapa do evento e pontos de apoio pode fazer toda a diferença. Outra iniciativa essencial é a presença de profissionais capacitados e espaços exclusivos que possam oferecer suporte durante todo o evento”, destaca a psicóloga e Vice Presidente Clínica da Genial Care, Thalita Possmoser.

A relação da música com pessoas autistas

A música desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e bem-estar de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Estudos indicam que ela pode atuar como uma ferramenta para a comunicação, ajudando a expressar sentimentos, estimular a interação social e promover a expressão emocional.

No entanto, há uma carência de dados estatísticos sobre a participação de autistas em grandes eventos musicais. Iniciativas como o programa Soy Músico da Orquestra Filarmônica de Medellín, que integra jovens neurodivergentes em atividades musicais, demonstram o potencial transformador da música.

“Com medidas adequadas e maior conscientização, festivais de música podem ser espaços mais inclusivos, garantindo que todos aproveitem a experiência com conforto e segurança. O Lollapalooza e outros grandes eventos têm avançado na direção da acessibilidade, mas é fundamental que essa pauta continue sendo aprimorada para atender a todos os públicos de forma igualitária”, afirma Thalita. “Essas iniciativas demonstram que é possível grandes eventos promoverem um ambiente inclusivo e acolhedor, garantindo que todos os participantes, independentemente de suas necessidades, possam desfrutar plenamente do festival”, finaliza a Vice Presidente Clínica da Genial Care. 


Genial Care
Genial Care é uma rede de cuidado de saúde atípica especializada em crianças autistas e suas famílias. Com várias clínicas em todas as regiões de São Paulo, a empresa combina modelos terapêuticos próprios, suporte educacional e tecnologia avançada para promover bem-estar e qualidade de vida no processo de intervenção. Com uma equipe dedicada de mais de 250 profissionais, a Genial Care tem como propósito garantir que cada criança alcance seu máximo potencial.  Saiba mais: Site / YouTube / Instagram / Facebook / LinkedIn  

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