Entre 2017 e 2022, 33 milhões de lâmpadas fluorescentes foram recicladas no Brasil, número bem inferior aos 12 milhões importados para o Brasil, só em 2022
Você
sabe o que fazer com as lâmpadas
fluorescentes quando elas queimam e você precisa descartá-las?
O questionamento é necessário quando sabemos que esse produto contém mercúrio - um dos
elementos químicos mais perigosos para a saúde humana, e ainda presente em
muitos outros objetos do nosso cotidiano, como termômetros antigos.
De
acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), a exposição ao metal pode acarretar uma
série de problemas graves, desde danos cerebrais até complicações
respiratórias. Apesar de muitos países terem proibido a fabricação e venda de
itens contendo o material após a assinatura de um tratado chamado “Convenção de Minamata”,
em 2013, ainda é comum encontrá-los em algumas residências, especialmente nas
lâmpadas. Por isso, o descarte desses produtos ainda exige um olhar mais atento, e acima disso, com
muito mais ações.
No
Brasil, por exemplo, as lâmpadas fluorescentes não são mais produzidas, mas só
em 2022, o país teve 12 milhões de unidades importadas. O dado é da Associação Brasileira para a
Gestão da Logística Reversa de Produtos de Iluminação - Reciclus,
encarregada nacional em coordenar a logística reversa das lâmpadas que contêm
mercúrio em sua composição.
O
embaixador do Movimento Circular, o professor em Economia Circular, Logística
Reversa e Regulação Ambiental Empresarial Flavio Ribeiro, destaca que é preciso
reforçar ações de engajamento para fazer o consumidor sair de sua casa e
descartar as lâmpadas corretamente.
“Precisamos
trabalhar valores e orientações práticas para que as pessoas saibam por que e
como isso deve ser feito para uma maior divulgação, educação, conscientização e
orientação dos consumidores sobre como lidar com os resíduos de lâmpada de
forma adequada para não causar dano ambiental e poder devolvê-los para a
destinação adequada - os coletores da Reciclus”, comenta.
Como é feita a logística reversa dessas lâmpadas?
Camilla
Horizonte, gerente de Operações e Marketing na Reciclus, explica o processo. “A
Reciclus instala coletores em estabelecimentos comerciais e prefeituras por
meio de contratos de comodato. Quando atingem 80% de sua capacidade, o
responsável solicita a coleta online. As lâmpadas são levadas para uma das
recicladoras autorizadas no Brasil, onde são desmontadas e desmercurizadas. O
mercúrio é encapsulado e depositado em aterros de resíduos perigosos, enquanto
o vidro e metais restantes são direcionados para outras indústrias”.
Os
coletores, espalhados por
todo o Brasil, podem ser acessados por qualquer pessoa, é só deixar sua
lâmpada. Entre 2017 e
2022, 33 milhões de lâmpadas fluorescentes foram recicladas no Brasil pela
Reciclus - segundo o relatório da própria associação. Isso
equivale a uma média de 5 milhões por ano, número bem inferior aos 12 milhões
importados para o Brasil, só em 2022, por exemplo.
Regulamentação
A
Reciclus foi criada com base na Lei nº 12.305/10, dentro da Política Nacional
de Resíduos Sólidos, e segue regras governamentais, envolvendo várias
organizações do setor de lâmpadas. “Todo o processo das recicladoras e
transportadoras é auditado. Venceu, não está mais com a gente. Temos um cuidado
muito grande com essa questão da fiscalização.”, aponta Horizonte.
Para
o Professor Flávio Ribeiro, a chave do sucesso do setor de lâmpadas, está
justamente em algo que é apenas um desejo para vários outros setores: o
controle de importação do produto - no caso, das lâmpadas. “O Inmetro faz um
controle a cada importação, a cada lote que chega importado de lâmpadas para
verificar se aquela empresa que está importando cumpre com as exigências de
logística reversa”, explica.
De
acordo com Flávio, além disso, existe um entendimento do mercado de que
importar lâmpadas para o Brasil significa pagar uma taxa, que atualmente é de
40 centavos por lâmpada. “Existe toda uma estrutura para garantir que cada
lâmpada que entre no país recolha 40 centavos para a Reciclus - valor destinado
para pagar o seu correto gerenciamento. Esse valor não paga o gerenciamento
completo, mas também não são todas as lâmpadas que você pode colocar nos
coletores da Reciclus. Ou seja, quem patrocina o trabalho de logística reversa
são os próprios importadores de lâmpadas - que precisam estar associados à
Reciclus para entrar no Brasil”.
Sobre professor Flavio Ribeiro
Embaixador
do Movimento Circular. É Consultor e Professor em Economia Circular, Logística
Reversa e Regulação Ambiental Empresarial. Engenheiro Mecânico, especialista em
Gestão e Tecnologias Ambientais e Análise Pluridisciplinar do Estado do Mundo.
Mestre em Energia e Doutor em Ciências Ambientais. Conselheiro para Economia
Circular do Pacto Global da ONU. Professor na Pós-Graduação em Direito
Ambiental Internacional da Universidade Católica de Santos, na FIA Business
School e na Trevisan Escola de Negócios.
Sobre o Movimento Circular
Criado
em 2020, o Movimento Circular é um ecossistema colaborativo que se empenha em
incentivar a transição da economia linear para a circular. A ideia de que todo
recurso pode ser reaproveitado e transformado é o mote da Economia Circular,
conceito-base do movimento. O Movimento Circular é uma iniciativa aberta que
promove espaços colaborativos com o objetivo de informar as pessoas e
instituições de que um futuro sem lixo é possível a partir da educação e
cultura, da adoção de novos comportamentos, da inclusão e do desenvolvimento de
novos processos, produtos e atitudes. O trabalho conta com a parceria pioneira
da Dow, empresa de produtos químicos, plásticos e agropecuários, com sede em
Michigan, Estados Unidos. O Movimento Circular contabiliza hoje 4 milhões de
pessoas impactadas por suas ativações e conteúdos.
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