Crédito: Bárbara Pinheiro
Cacá
Magalhães segue impressionando, mesmo não sendo mais a menina de 12 anos que
viralizou ao cantar Nina Simone com uma voz surpreendente. Em julho do ano
passado, aos 17 anos, a cantora e compositora baiana lançou seu primeiro álbum,
“Só Sinto”, e mostrou todo seu talento. Agora, ela traz o seu show para o Rio
de Janeiro, com apresentação única dia 14 de março, quinta-feira, no Solar de
Botafogo.
Cacá
conta com uma voz singular, que impressiona pela potência e maturidade,
chamando atenção pelo seu timbre grave e capacidade interpretativa. Em seu
repertório, ela apresenta músicas do seu álbum, como “Só Sinto”, “Para Que Não
Se Repita”, “Coração Solto”, além de passear por um setlist que vai do Pop Rock
à Soul Music e traz como referências Charlie Brown Jr., Lagum, Los Hermanos e
Radiohead. A banda que acompanha a artista é formada por Ricardo Machado
Batista (Bateria), Jackson Almeida Pereira (Guitarra), Rafael Barone da Costa
(Baixo) e Ícaro Ferreira de Oliveira Santiago (Teclado).
“Tô
muito feliz por finalmente tocar nessa cidade que sou completamente apaixonada.
Amo muito o Rio. Estamos ensaiando bastante e tenho certeza que será uma
estreia linda demais! Mal posso esperar”, conta Cacá.
A
estreia do projeto nos palcos aconteceu em São Paulo, no dia 18 de julho de
2023, na Casa Rockambole, exclusivo para convidados da Sony Music, sua
gravadora e depois se apresentou em sua cidade natal, Salvador. O show provocou
muito sentimento por onde passou e promete agitar o público no Rio de Janeiro.
Serviço:
Data: 14.03.2024
Horário do show:
20h
Local:
Solar de Botafogo
Endereço:
Rua General Polidoro, 180 - Botafogo
Valor do ingresso:
entre 30 e 60 reais
Cacá Magalhães estreia em álbum com "Só Sinto"
No disco, a baiana Cacá Magalhães, de 17 anos,
mostra que é mais do que a menina que viralizou aos 12 num vídeo em que cantava
Nina Simone com vozeirão de gente grande
Escute: https://cacamagalhaes.lnk.to/OucaSoSinto
Assista ao clipe de “Coração Solto”: https://cacamagalhaes.lnk.to/AssistaCoracaoSolto
No
palco, a guitarra toca um acorde e a menina de frente pro microfone começa a
cantar “Feelin’ good”, sucesso com Nina Simone. A potência e a autoridade de
sua voz surpreendem — parecem grandes demais para a garganta que ainda nem
havia chegado à adolescência.
A
cena aparece num vídeo que viralizou há alguns anos, alcançando dezenas de
milhares de visualizações e gerando reportagens com o jovem talento. Foi a
primeira vez que o Brasil soube da baiana Cacá Magalhães, que na época tinha
apenas 12 anos. Agora, aos 17, a cantora lança seu primeiro álbum, “Só sinto”
(Sony Music), para mostrar, em 11 canções inéditas compostas por ela, que é
mais do que um trend topic,
um assunto do dia nas redes sociais.
Quando
aquele vídeo foi gravado, Cacá já cantava há dois anos (ou seja, desde os 10)
na banda Terráquea, que circulava pelo circuito soteropolitano com um
repertório de blues e soul. Pouco tempo depois, deixou o grupo e iniciou um
trabalho solo. Alguns de seus vídeos chegaram aos olhos e ouvidos da Sony, que
a procurou.
—
Minha mãe segurou um pouco, disse que eu era muito nova — lembra Cacá. — Mas
aos 14, com uma maturidade maior, comecei o trabalho que viria a dar no disco.
Em
2020, a canção “Poeira de estrelas”, composta por ela em parceria com a irmã
Maju Magalhães, foi lançada como single, marcando sua estreia fonográfica. A
música faz parte de sua primeira safra de composições — foi na pandemia,
durante a quarentena, que ela e Maju, que assinam juntas todas as músicas de
“Só sinto”, começaram a explorar acordes e versos e a produzir um material
próprio.
A
musicalidade de Cacá, porém, era nítida desde antes do início de sua trajetória
profissional com a banda Terráquea.
—
Desde sempre vivia cantarolando, sobretudo na casa dos meus avós — conta. — Foi
lá que tive meu primeiro contato com violão, ouvia as músicas que meu avô me
mostrava, cantoras como Aretha Franklin, Ella Fitzgerald, Etta James. Minha
irmã, que é sete anos mais velha, reparava isso e sugeriu aos meus pais que eu
estudasse música.
Aos
4 anos, Cacá começou a fazer aulas de canto — suas mãos ainda eram muito
pequenas para os instrumentos. Mais tarde, aos seis, passou a estudar piano e,
aos nove, violão e guitarra.
Com
o pai, ouvia o rock nacional dos anos 1980, de Legião Urbana, Paralamas e Barão
Vermelho. Referência central para Cacá, Cássia Eller também veio no pacote.
Afinada com os colegas de escola, era louca por Justin Bieber e por séries como
High School Musical. Já durante a pandemia, mais velha, se lançou na geração
1990/2000, de bandas como Charlie Brown Jr. e Los Hermanos.
Todas
essas influências se cruzam de alguma forma em “Só sinto”. O álbum, produzido
por Paul Ralphes e Rafael Barone (parceiro das irmãs em “Vale a pena”, uma das
faixas), traz uma sonoridade pop contemporânea, com tempero rock nos arranjos e
pegada soul/blues no canto de Cacá.
“Só
sinto”, faixa-título, abre o disco. Ela traz a originalidade de ser uma canção
de separação solar, olhando para o futuro de maneira otimista, com ritmo que
joga pra cima: “Vou partir/ Não vou olhar pra trás”. A cantora conta que,
musicalmente, sua inspiração central para a composição foi “Do sétimo andar”,
de Los Hermanos.
“Cê
sabe” é canção de amor em crise, mas sobre o qual a letra diz: “insisto em
nós”. O arranjo desenvolve a densidade no bumbo marcado e na conversa de violão
e guitarra.
—
Pensei as guitarras dessa — explica a cantora. — Minha cabeça ferve dando
ideias para os arranjos, ideias que mostrava pro (produtor) Rafa às vezes no violão, outras só
na voz mesmo.
“Ponto
de encontro”, com arranjo de crueza rock de Ralphes, faz balanço do amor
terminado: “Porque eu sei que o que eu vivi/ Valeu também pra ti”. Já
“Sozinha”, composta em meio ao isolamento da pandemia, trata da solidão ecoando
uma melancolia que dialoga com a obra de cantoras como Adele. Cacá pensava em
Imagine Dragons ao produzi-la.
“Para
que não se repita” anuncia, dramática: “A história está em mim escrita/ Para
que não se repita/ Porque foi duro de curar”. Cacá explica que a letra de Maju
pode ser entendida como a de um amor traumático, mas originalmente sua irmã a
pensou como uma metáfora para a ditadura militar que se instalou no Brasil
entre 1964 e 1985.
“Grita
mulher” nasceu numa semana em que Cacá e Maju foram impactadas por um caso que
ocupou o noticiário, de violência contra uma mulher. As cordas do arranjo
sublinham a ideia de comunhão, solidariedade expressa no verso “Juntas
lutaremos/ Juntas avançaremos/ Sua dor dói em mim”.
—
Ela começa bem triste e depois vai crescendo, numa sensação de esperança. Como
a letra diz: “Ainda no chão/ Retomou o ar/ Se reergueu/ Fez sua voz ecoar” —
nota Cacá.
“Vale
a pena” foi escrita no Parque do Ibirapuera, por Cacá, Maju e Rafael. Eles
observavam o contraste entre a natureza da área verde e a pressa de São Paulo.
Em vez de lamento, porém, a mensagem é de positividade.
Descrita
como “explosiva” por Cacá, “Bruxaria” caminha de uma atmosfera sombria para um
funk-soul dançante. “Coração solto” também tem uma dinâmica semelhante, de dois
momentos bem marcados, ecoando em algumas partes bandas da primeira década
deste século, como Franz Ferdinand e Strokes.
“Loucura”
traz a raiz blues de “Cacá”, num ensaio rasgado sobre a insanidade. Ela
antecede “É preciso se perder”, que fecha o disco. Uma canção sobre
autoconhecimento, mudança, crescimento. “Barco sai sem destino mas com coragem/
Desancorar/ É, meu jovem/ É preciso se perder para poder se encontrar” — recado
que a adolescente Cacá canta para si e para o mundo ao lançar seu barco em
forma de álbum.
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