Composto por três exposições e um programa
público com encontros, oficinas e debate, evento abre ao público no sábado, dia
02 de março, às 11h
Abertura: 02 de março, às 11h
Visitação: até 26 de maio de 2024
Como
aponta o diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada, em um
espaço cultural que recebe o nome de Tomie Ohtake, pensar as diásporas
asiáticas é uma tarefa inevitável. Os numerosos conflitos, crises, invenções,
revoluções e guerras ao longo do século XX foram determinantes tanto para a
diáspora de importantes parcelas da população asiática quanto para o afluxo de
imigrantes de diversas partes do mundo ao Brasil – tendo o estado de São Paulo
como um destino comum para muitos fluxos diaspóricos devido a suas dinâmicas
econômicas e sociais. “É um processo conflituoso, com perdas e trocas que
atravessam as gerações e são definidas pela constante transformação”, completa
Miyada.
O
programa Diásporas
asiáticas procura somar forças a esse processo ao sublinhar o
impulso criativo de artistas vindos da China, da Coreia do Sul e do Japão (ou
mesmo nascidos aqui, em famílias imigrantes), exemplares de seus fluxos
migratórios e, ao mesmo tempo, casos singulares dentro da história da arte
brasileira. O programa foi produzido com recursos captados via Lei de Incentivo
à Cultura, do Ministério da Cultura.
Diásporas
asiáticas
compreende três mostras, sendo duas individuais dos artistas Chen Kong Fang (Tung
Cheng, China, 1931 – São Paulo, SP, 2012) e Hee Sub Ahn (Seul, Coreia do Sul, 1940). A terceira
mostra, uma coletiva, apresenta trabalhos dos ceramistas nipo-brasileiros Akinori Nakatani, Alberto Cidraes,
Hideko Honma, Katsuko Nakano, Kenjiro Ikoma, Kimi Nii, Kimiko Suenaga, Luciane
Sakurada, Marcelo Tokai, Mário Konishi, Megumi Yuasa, Mieko Ukeseki, Renata
Amaral, Shoko Suzuki e Tomie Ohtake. Ao lado das obras dos
ceramistas, haicais do artista Kenichi
Kaneko são dedicados a cada um dos ceramistas reunidos. A
presença de Tomie se dá, ainda, por uma parte do folder que acompanha a
exposição – cujo acesso pode se dar por QR CODE – ser dedicada a suas obras
públicas e a sua presença na cidade de São Paulo. A publicação conta ainda com
textos inéditos dos curadores das mostras sobre os artistas e os universos
retratados nas mostras e ainda com um texto comissionado de Lais Miwa,
pesquisadora que vem se destacando no debate acerca da presença e da
visibilidade da população asiática no contexto brasileiro.
Chen
Kong Fang—O refúgio,
com curadoria de Paulo
Miyada e Yudi Rafael se debruça sobre a carreira e a obra desse artista que
construiu sua vida no Brasil, desenvolvendo a sua prática pictórica no cenário
artístico paulistano por cerca de cinco décadas. A exposição, primeira retrospectiva
do artista em uma instituição brasileira, reúne um conjunto de mais de cem
obras, entre pinturas a óleo e sumi-ês produzidos entre o final dos anos 1940 e
o início da última década. Segundo os curadores, em vez de um partido
cronológico organizado em fases sucessivas, a mostra enfatiza como o artista,
que concebia a pintura como um caminho, fez de seu labor uma lida constante com
gêneros pictóricos consolidados. “Tomando partido da reabertura experimental
pelas vanguardas modernas, Fang imprimiu sua dicção própria nas ideias de
retrato, paisagem e natureza morta”, completam. A exposição Chen Kong Fang — O
refúgio conta com o patrocínio da CTG Brasil.
A
exposição Hee Sub Ahn — O caminho, com curadoria
de Catalina Bergues e Julia Cavazzini, exibe pela primeira vez o trabalho da
artista em um contexto institucional. A partir dos mais de cinquenta anos de
criação intensa, selecionou-se um recorte das obras produzidas principalmente
na década de 1980, poucos anos após sua chegada. Segundo as curadoras, a
produção de Hee é atravessada pelas memórias do lugar de origem, e pela nova
comunidade aqui construída no bairro do Bom Retiro, no qual a artista ocupa papel
central. “A disciplinada e rotineira criação artística de Hee se torna um
íntimo ritual de dar significado ao que percebe em seu entorno”, destacam
Bergues e Cavazzini.
Já Tocar a terra — Cerâmica contemporânea
nipo-brasileira,
com curadoria de Rachel Hoshino, curadora convidada, e que conta
com assistência de Ana Roman, elege a cerâmica para tratar do tema diáspora
japonesa – “por ser ela, simultaneamente, matéria e metáfora: o terreno no qual
se aporta, se planta e se habita é a terra tocada com arte pelo ethos nipônico”, explica a
curadoria. São obras de 15 artistas baseados no estado de São Paulo cujas
atividades, pesquisas e repertórios são influenciados pelas tradições do Japão,
independentemente de sua ascendência. Segundo as curadoras, para além de forma
e símbolo, é a experiência de energia latente que faz com que sementes e brotos
sejam temas recorrentes em suas obras. “Muitas delas são deixadas em ambiente
natural, onde continuam sua metamorfose, sob os efeitos de intempéries e da
ocupação por outros seres”. Disso, ressalta Hoshino, resulta a outro importante
conceito nipônico: “wabi-sabi” (侘び寂び),
ideal estético-filosófico segundo o qual o belo reside no imperfeito, no
impermanente e no incompleto. “A plasticidade da argila, o respeito pelo tempo
e a consciência da interdependência entre tudo fazem com que a cerâmica seja
prática favorável ao diálogo do ceramista com a sua história, seu entorno e
consigo próprio”, completa Hoshino.
A
estas exposições soma-se um programa público de encontros, oficinas e
vivências, que serão divulgadas nas próximas semanas. Na pré-abertura, dia 1o
de março, realiza-se programação concebida para o público de professores das
redes pública e privada, e também para profissionais das artes. A participação
no evento é mediante inscrição prévia e sujeito a lotação. No dia 02 de março,
o público em geral é convidado a participar da performance e experimentação da
técnica do sumi-ê, com a artista Suely Shiba. O dia se encerra com a Roda de
Marabaixo do Amapá, Amazonizando mundos.
Exposição:
Programa
Diásporas asiáticas
-
Chen Kong Fang – O refúgio
-
Hee Sub Ahn – O caminho
-
Tocar a terra – Cerâmica contemporânea nipo-brasileira
Abertura:
02 de março, às 11h
Em
cartaz até 26 de maio de 2024
De
terça a domingo, das 11h às 19h – entrada franca
Programação para professores e profissionais das artes:
Sexta
– 1° de março de 2024
Evento
para professores e profissionais das artes (vagas limitadas, presença mediante
inscrição).
14h
às 16h30
Visita
às exposições do programa Diásporas asiáticas com a presença da curadora Rachel
Hoshino e com o artista Kenichi Kaneko, seguida de prática de ateliê com a
equipe educativa do Instituto Tomie Ohtake.
Programação
geral:
Sábado
- abertura para o público às 11h
14h
às 16h
Performance
e experimentação da técnica do sumi-ê, com Suely Shiba
16h
às 18h30 - Roda de Marabaixo do Amapá, Amazonizando mundos.
Instituto
Tomie Ohtake
Av.
Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88) - Pinheiros SP
Metrô
mais próximo - Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela
Fone: 11
2245 1900
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