Especialistas e paciente se reuniram e
mostraram que o país precisa valorizar mais as pesquisas clínicas
“Assim como todos os medicamentos e vacinas que usamos hoje
precisaram de pesquisas antes de serem utilizados, a cura do câncer também
necessita de estudos clínicos para ser encontrada”. A frase dita por
Fernanda Schwyter, Presidente do Instituto Projeto Cura, durante o painel “A cura do câncer começa nas pesquisas” realizado
na última quinta-feira, 28, durante o 10º Congresso Todos Juntos Contra o
Câncer, vem ao encontro da missão do instituto, que é ser uma associação sem
fins lucrativos que leva informação, educação e financiamento no apoio à
pesquisa clínica para a busca da cura contra o câncer.
Com
as presenças de Dra.
Heloisa Resende, Médica Oncologista e Membro do Comitê
Científico do Cura; Claudiosvam
Martins Alves de Sousa, Coordenador de Pesquisa Clínica da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA; Ricardo Caponero,
Oncologista Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Mestre em oncologia
molecular, Coordenador do Comitê de Cuidados Paliativos da SBOC, Presidente do
Conselho Técnico Científico da FEMAMA e Coinvestigador de estudos clínicos;
e Ana Cristina
Angrisano, paciente metastática de pesquisa clínica oncológica;
os debates mostraram não só na teoria, mas também na prática com o depoimento
de uma paciente oncológica em tratamento através de pesquisa clínica, o quão
importantes e capazes de reverter um cenário elas são, garantindo uma
sobrevida, qualidade de vida e controle desse tipo da doença.
Conforme
citado por Dr. Ricardo Caponero, “os
estudos não só precisam mostrar que funcionam, mas também que sejam benéficos
aos pacientes e, para tal, precisamos de mais pesquisas”.
Na
sua explanação, Claudiosvam Martins, Coordenador de Pesquisas da ANVISA,
reforçou a tese dizendo que “ainda
há um espaço gigantesco para investimentos em pesquisas no Brasil,
principalmente provenientes de investimentos nacionais, de empresas
brasileiras”.
Cenário Atual das Pesquisas Clínicas no Brasil
A
apresentação da Dra Heloísa Resende, teve foco na pesquisa Neosamba, um ensaio
clínico randomizado, que está na fase 3 e estuda uma nova sequência de
tratamento de mulheres com câncer de mama metastático, com quimioterapia
neoadjuvante (antes da cirurgia) e contemplará o tratamento de quase 500
pacientes em três anos.
Encabeçada
pelo Dr. José Bines, investigador principal do estudo e conduzido pelo
Instituto Nacional do Câncer (INCA), a pesquisa já investigou 118 pacientes com
a proposta de avaliar se a mudança na ordem dos medicamentos da classe das
antraciclinas e taxano (alguns dos medicamentos mais comuns utilizados para a
quimioterapia) faria diferença na sobrevida das mulheres.
Sendo
assim, ela mostrou dados importantes que precisam ser levados em consideração,
como:
- 70% dos centros estão localizados em capitais;
- Um terço dos oncologistas referência e menos de 1% dos
pacientes para pesquisas clínicas;
- Dentro das barreiras apontadas: escassez de protocolos,
necessidade do paciente viajar a outro local para participar da pesquisa,
burocracia relacionada aos processos regulatórios;
- Dificuldade para incluir o hospital em pesquisa;
- Falta de uma plataforma atualizada e unificada que
pudesse informar com segurança a disponibilidade de estudos para cada
paciente
A
médica oncologista ainda mostrou que em cânceres de mama, 27% dos casos já são
encontrados em estágios avançados, sendo assim, fez o questionamento: “será que posso confiar naquela
sequência de tratamento que tenho com a doença nesta fase?”.
Finalizando
o painel, a paciente de pesquisa de câncer de mama metastático e colaboradora
do Instituto Projeto Cura, Ana Cristina Angrisano contou como entrou nas
pesquisas clínicas após a remissão de seu segundo câncer, em 2015. “Comecei os estudos clínicos em 2017,
dois anos depois do segundo diagnóstico. Naquela época, a expectativa era nula.
Quando você recebe um diagnóstico desses e se depara com uma opção de sobrevida
de alguns meses, obviamente que a minha escolha foi pela vida. E cá estou, anos
depois. Desejo que as pesquisas sejam para todos!”.
Ao
final, foi apresentado em vídeo um depoimento da atriz Patrícia Pillar, em uma
campanha feita para o Instituto Projeto Cura e o LACOG (Latin American
Cooperative Oncology Group @lacogcancerresearch).
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