Relembrar e destacar a contribuição africana para a formação da cultura e da sociedade brasileiras. Essa é a ideia central do samba-enredo da Rosas de Ouro em 2023, “Kindala! que amanhã não seja só um ontem com um novo nome”. Quando os primeiros batuques da bateria soam pela Avenida, não há dúvida de que o Carnaval começou de vez. Essa associação é uma lembrança expressiva da associação óbvia entre o Carnaval e a cultura afro-brasileira, cheia de sons de tambores e do próprio samba, que nasceu justamente nas comunidades afro-brasileiras do Rio de Janeiro.
Embora
o Carnaval tenha origem europeia, no Brasil ele está muito mais relacionado à
África que à Veneza, de acordo com a assessora de Geografia do Sistema Positivo
de Ensino, Rafaela Dalbem. “Os sons, as cores e a maneira de carnavalizar hoje
em dia têm muito mais a ver com a herança africana do que com a europeia”,
destaca. E essa contribuição, é claro, não está restrita a essa manifestação
cultural. “O crescimento econômico do Brasil, especialmente quando pensamos nos
ciclos da economia ligados ao açúcar, café, borracha, ouro, entre outros, são
ligados aos conhecimentos científicos e tecnológicos das populações africanas
que foram trazidas em condições de escravidão para o Brasil”, pontua a
especialista.
Essas
populações que foram forçosamente trazidas de várias regiões da África já eram
agrícolas, enquanto os povos originários do Brasil ainda eram essencialmente
silvícolas, ou seja, viviam do que estava disponível na natureza. Assim, toda a
bagagem trazida pelos africanos foi essencial para a construção dos muitos
ciclos econômicos vividos em solo brasileiro.
Segundo
o site da Rosas de Ouro, o tema bucará exaltar “a luta, a força e as conquistas
do povo negro através dos tempos, desde seus ancestrais escravizados até os
dias atuais, com a incessante busca por igualdade e respeito”. Para Rafaela, um
enredo como esse é “extremamente importante para colocar luz em toda a
influência para nossa formação como nação”.
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