Por Claudia Lopes, diretora comercial &
marketing da Generali
A
carreira feminina tem sido debatida nos comitês de diversidade, inclusão,
empoderamento e outros grupos de discussão nas empresas. O novo olhar que está
mirado às mulheres na esteira da evolução profissional tem sido importantíssimo
para que mais e mais profissionais não tenham que abrir mão de seus planos
pessoais para ascender na carreira. A maternidade traz predicados positivos
para as relações corporativas e discutir este tema tem aberto espaço para que
mulheres que sempre estiveram comprometidas com o trabalho possam continuar com
esse sentimento mesmo após o nascimento de um filho.
A maternidade traz muito aprendizado.
Entendi de forma completamente diferente o paradigma criado de que a
maternidade atrapalha a carreira da mulher. Ser mãe nos torna mais
responsáveis, mais humanas, mais multitarefas e mais flexíveis. Competências
fundamentais para a carreira e para a liderança. Além disso, temos a capacidade
de nos relacionar. Usar isso para criar relacionamento é fundamental.
Nós mulheres sempre estivemos cientes de
que cuidar dos filhos não nos distancia de nossa capacidade de produzir, trabalhar
e executar atividades com excelência. Entretanto, pode existir uma
subvalorização da nossa capacidade ocasionada pelo carma social em torno da
mulher que deve cuidar da casa, dos filhos e do marido. Uma barreira na
evolução feminina que sempre foi muito bem encaixada nos discursos sexistas que
não inseriram mulheres nos cargos de liderança. Com os novos olhares que o
mercado e a emancipação feminina têm trazido para a discussão, cada vez mais
profissionais estão assumindo suas múltiplas jornadas sem depreciar a qualidade
do próprio trabalho.
Mães e mercado de trabalho sempre foram
tratados como paradoxos. Quando as mulheres começaram a assumir papéis
coadjuvantes de sustentar a família e auxiliar seus companheiros nas despesas
da casa, elas eram apenas assistentes dos ‘chefes de família’. O cenário mudou
e elas começaram a ganhar protagonismo. Com anos de luta, a inserção no mercado
de trabalho e os direitos garantidos pela legislação, nós mulheres estamos
ganhando espaço para investir na carreira sem deixar a vida pessoal de
lado.
Essa abertura ainda traz insegurança num
mercado predominantemente masculino em cargos de chefia. E, às vezes, até
favorece o ambiente de culpabilidade. Mulheres carregam a culpa quando o
assunto é atenção aos filhos e a carreira. E a condição de supermulher que nos
é imposta, de infalibilidade, de que devemos estar sempre bem, ainda assombra
nossas relações profissionais. Não é fácil trabalhar e criar filhos. Nos
culpamos por trabalharmos muito e estarmos pouco com eles. E também nos
culpamos por estarmos muito com os filhos e menos na empresa. A culpa nos
segue. Talvez o mito da mulher sempre linda, sorridente, simpática e que está à
disposição de todos ainda esteja no imaginário social.
Mas, se chegamos até aqui, com pautas
afirmativas dentro e fora das companhias, podemos concluir que estamos
evoluindo e tirar o melhor proveito do momento. Estudar muito, fazer
faculdade, pós-graduação, MBA, especialização são fundamentais para o
aprendizado e, além de conhecimento e networking que você adquire, a empresa
entende o quanto você investe e se preocupa com a sua carreira. Investir em nós
mesmas é importante! Quanto à culpabilidade, a solução que foi boa para mim
pode ser compartilhada com todas as colegas profissionais: trabalho muito, mas
o tempo que estou com meu filho é 100% dele. E 100% quer dizer atenção total,
sem olhar e-mail e se jogar na brincadeira. Dica simples, mas bem valiosa.
Comentários
Postar um comentário