Muito
se tem ouvido falar sobre a transformação digital nos mais diversos segmentos
de nossa sociedade, contudo, vemos ações e conteúdos bastante direcionados aos
setores de negócios.
É
importante entendermos que a transformação digital é o efeito do processo de
digitalização, que envolve sim, tecnologias e inovações, mas não se resume a
elas. Elencando alguns erros de compreensão do que seja a transformação
digital, temos: desenvolvimento de várias ações de estratégias digitais, esse
assunto compete às empresas de tecnologia, se resume à experiência do cliente,
vem de iniciativas pequenas ou mesmo que o TI é o setor responsável por
promover a tal transformação digital.
É
essencial compreendermos que a transformação digital tem profundo impacto sobre
a sociedade, de maneira geral. E quais os impactos? É o que pretendo abordar
nesse artigo.
De
que a maneira a transformação digital coopera para o social
Entendo
que, assim como na afirmação de Peter Drucker de que o planejamento não diz
respeito às decisões futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes,
assim é a transformação digital a respeito das mudanças tecnológicas e digitais
que implementamos hoje.
Há
quem diga que a verdadeira Transformação Digital acontece quando podemos
substituir, em 100% das ações, o homem pela máquina. Não acho que seja
absolutamente por aí, afinal, a transformação digital tem como fim o ser
humano, melhorar os processos que envolvem sua existência.
Sabemos
que, com a evolução da tecnologia, surgem tanto novas soluções quanto problemas
que precisam de atenção, o que obriga as empresas, governos e instituições
sociais a se adaptarem para suprir as demandas da sociedade em formatos
omnichannel.
E
podemos afirmar que a transformação digital está para além do uso da
tecnologia, mas trata-se de uma questão de estratégia para os líderes. Uma
estratégia que deve envolver a cultura da organização, os processos, os
negócios, serviços e o desenvolvimento das pessoas. Os novos tempos demandam um
planejamento de estratégias e processos redesenhados com um olhar digital.
Da
parte dos negócios, das empresas, temos vivido as mudanças que têm sido feitas
e implementadas, mas e por parte das Organizações Sociais? Como acompanhar as
exigências que o mercado espera e ‘competir’ no mesmo patamar pela atenção dos
clientes ou doadores?
Vou
trabalhar aqui, com viés adaptado ao Terceiro Setor, 3 pilares para uma
revolução digital de sucesso, segundo Ruy Shiozawa, CEO da GTPW:
1- A transformação deve ser melhor para os negócios – para a missão social da
Organização.
Importa
que os líderes pensem em soluções que possam solucionar seus processos de
prestação de seus serviços. Essas soluções devem tornar seus processos mais
ágeis, mais transparentes, mais sustentáveis. Um indicador dessa transformação
seria por exemplo, que uma solução pudesse atender a mais pessoas, com menor
custo e em tempo reduzido ou ágil.
O
uso da tecnologia pode auxiliar as equipes a estarem juntas, mesmo estando
longes; promove encontros com parceiros em quaisquer lugares do mundo, sem os
altos custos logísticos; permite que acessemos os doadores onde estiverem e
possamos criar experiências para que se sintam parte e presentes na realização
do bem aos beneficiados diretos no dia-a-dia. Podemos pensar aqui em um
desenvolvimento humano exponencializado de todos os envolvidos, os que doam, os
que executam, os que recebem.
2- A
transformação deve ser melhor para as pessoas, tanto para os colaboradores,
quanto para o público beneficiado e os doadores.
É
importante e fundamental, sim, as organizações investirem em ferramentas e
tecnologias, mas o que tem o maior valor são as pessoas! As pessoas que atuam
na frente dos serviços, em campo, nos bastidores para que a ação efetiva
aconteça e as pessoas que suportam toda a estrutura funcionando. O que seria de
uma organização da sociedade civil sem os colaboradores, sem os voluntários e
os doadores? Como alcançariam aqueles que mais precisam se essas pessoas não
estiverem comprometidas com a causa, a missão e o propósito?
Não
estou aqui, de forma alguma refutando as inovações. Pelo contrário! Vale
ressaltar que precisamos, como líderes, pensar e buscar formas de melhorar as
relações entre esses públicos, aproximá-los, facilitar a interação, torná-la
acolhedora, empática, assertiva.
3- A
transformação deve ser melhor para o mundo!
Empreender
no terceiro setor, na maioria das vezes, significa investir em um propósito e
dar vida à isso, dar movimento à um sonho. Significa ainda, investir na mudança
da realidade de terceiros. Uma transformação melhor para o mundo de estar
comprometida com o impacto social e comprometida com as organizações do
terceiro setor.
Para
isso, é preciso que o gestor tenha em mente de forma muito clara quais são seus
objetivos para que a tomada de decisão da gerência esteja sempre orientada para
a maximização do impacto social oriundo da sua atividade. Seu planejamento
estratégico deve contemplar ainda a busca contínua pela sustentabilidade por
meio de parcerias e networking adequado.
A
transformação digital no social tem por base a promoção social como forma de
crescimento a longo prazo, produzindo resultados que impactem as relações sociais
pré-estabelecidas, provocando efetivas mudanças no contexto em que atua a
organização.
O
Terceiro Setor não pode e não deve ficar estagnado frente ao avanço tecnológico,
relacional e experimental que as empresas e o mercado têm apresentado.
Com
a pandemia, a aceleração da digitalização ocorreu e está ocorrendo de forma
exponencial. Sabemos que a implementação de ferramentas e tecnologias exige
recursos financeiros elevados e, normalmente, a maioria das OSCs não tem esse
volume de recursos disponíveis para investir em softwares, servidores,
estruturas e ferramentas. Pior no contexto atual, em que muitas não estão
conseguindo nem sobreviver, visto a queda vertiginosa das doações.
Mas
há solução para as organizações da sociedade civil? Há sim!
Quais
as oportunidades da transformação digital no social para as instituições?
É
preciso esclarecer que é fundamental associar e mensurar o impacto social de
forma séria e comprometida. A busca constante por transparência, a utilização
de técnicas avançadas de administração, o desenvolvimento de inovações
produtivas e muita criatividade para fornecer seus serviços são sinais de que o
setor está no caminho certo. A profissionalização e a adoção das melhores
práticas de gestão, apontam que estas organizações almejam voos ainda maiores
para gerar melhorias nos respectivos setores em que atuam.
O
acesso à tecnologia e às melhores práticas de gestão podem ser estruturados por
meio de parcerias com as grandes empresas, que têm se solidarizado com as
instituições e disponibilizado por meio de editais e programas de aceleração a
capacitação das organizações do Terceiro Setor. Programas como o VOA da AMBEV,
o Gerando Falcões, Legado Social, Potencialize e tantos outros são grandes
oportunidades para que as organizações sejam capacitadas e estruturadas com as
expertises e tecnologias necessárias a fim de melhorarem seus processos,
operações, prestação de contas, entregáveis e serviços frente aos
doadores/investidores e beneficiários.
Muitas
ferramentas também disponibilizam o acesso ao uso gratuito para organizações
sociais ou preços subsidiados, que ajudam muito para que as mesmas possam
explorar melhores condições no exercício de suas funções e experiência com o
público.
A
vontade de “mudar o mundo” é uma constante no Terceiro Setor e isso faz com que
mesmo os maiores desafios sejam superados pela solidariedade, generosidade e
engajamento de empresas e pessoas. Somos um modelo de negócio social voltados
para fazer o bem, beneficiando os indivíduos da base da pirâmide econômica e
social.
A
transformação digital há de trazer inúmeros benefícios ao setor, sim, mas não
podemos esquecer que nenhuma inteligência artificial ou automatização
substituem um abraço, um ouvir intencionalmente, um colo lá na ponta!
Referências:
- https://rockcontent.com/br/blog/transformacao-digital/
- https://transformacaodigital.com/o-que-e-transformacao-digital/
- https://resultadosdigitais.com.br/blog/transformacao-digital/
- SingularityU conteúdo mensal X-Tec Views
Clever
Murilo Pires – CEO no Instituto LIVRES e Mentor de Gestão
Mestre
em Economia de Empresas com especializações em Planejamento Estratégico,
Finanças Corporativas e Valuation, Digital Transformation, CEO - FDC,
entre outras, inclusive voltadas para o terceiro setor. Contador e
Administrador de Empresas, Pós-graduado em Gestão de Custos, MBA em Gestão
Estratégica de Negócios e
Mentor pela Rocket Mentoring Scholl. Capacitado em técnicas de Lideranças
pela Crescimentum e Coaching Profissional.
Mais
de 20 anos de experiência profissional em empresas de diversos segmentos,
nas áreas de Gestão, Finanças estruturadas e expansão ,Contabilidade,
Compliance, Administração, Project Finance, Fusões e Aquisições/M&A, Gestão
Baseada em Valor, Custos e Orçamentos, cultura orçamentaria, Business Plan,
empreendedor social, coaching de gestão, Estratégias para legado, e
Desenvolvimento de negócios; startups, atuando como Diretor de Controladoria,
CFO e CEO.
Atuação
em estruturação de operações de fusão/aquisição e equity via Fundos de
Investimento incluindo startups em potencial de escala. Palestrante em
empresas e entidades acadêmicas com temas voltados para Gestão, Finanças,
Liderança, Potencial de Desempenho, Formação de equipe de alta performance,
Balanced Scorecard, Controladoria, Eficiência e Eficácia da Contabilidade no
Negócio e Business Plan - Crescimento e Valoração da Empresa, dentre outros. E
também Empreendedor na startup: iOásis.
Comentários
Postar um comentário