Quando os aparelhos eletrônicos entraram intensamente na rotina das crianças e surgiu a nostalgia do brincar ao ar livre
Quando
falamos em nostalgia, refletimos sobre a família na era digital e a saudade do
brincar entre pais, filhos, irmãos, avós, ou seja, da interação familiar. As
brincadeiras foram substituídas pela vasta gama de aparelhos eletrônicos,
determinando assim o afastamento das pessoas para a profunda concentração
individual aos desafios apresentados pela era digital, em que a vivência
coletiva ocorre à distância.
Presenciamos
o silêncio nos ambientes onde há somente o brincar digital. Sumiu o
"barulho" das brincadeiras, das comemorações, os choros de emoção ou
dor, causados pelas descobertas, pelas experimentações e desafios, sumiu o
contato físico. Navegar ficou mais rotineiro do que imaginar e criar.
Quando
ocorrem os desafios dos jogos e brincadeiras, seja ao ar livre ou de tabuleiros
entre os grupos sociais, pode ocorrer um encaixe biopsicossocial, pois vínculos
são estabelecidos, as regras determinadas são estratégias de aprendizados dos
direitos e deveres em que os participantes aprendem e fortalecem os valores
sociais, enriquecem a comunicação, aprendem a compreender os ajustes da
convivência coletiva.
Todos
trazem algo de si e incorporam algo do outro, ocorre a troca de saberes. A
escola e a família têm este papel de suma importância, quando por meio de
atividades específicas contribuem para o desenvolvimento da convivência além da
era digital. Em muitas situações, os grupos que interagem através de recursos
digitais, são os que se fortaleceram e formaram um coletivo de identidades e interesses
a partir da convivência presencial. Tornam-se vinculados pela convivência
escolar, pelas brincadeiras presenciais e se aglomeram novamente nos jogos
eletrônicos. A era digital tem trazido e facilitado o contato com muitas
informações e aperfeiçoamentos, porém, não consegue substituir a riqueza da
convivência.
O
conforto das regras pré-determinadas enfraquece o desenvolvimento, pois tudo
vem pronto, é só jogar seguindo as regras impostas. Neste contexto, onde o
progresso tem exigido a interação digital surge o desafio de resgatar a
convivência presencial, inerente ao ser humano. O avanço digital tem se
mostrado de suma importância neste momento de isolamento social, porém precisa
ser monitorado, pois não conseguirá substituir a riqueza que tem o momento de
imaginar, construir, testar, compartilhar, discutir, enriquecer o movimento de
estar presente. A geração que conhece, convive e necessita dos recursos
digitais presentes na rotina diária do mundo precisa ser estimulada também a
brincar com os jogos que vão além dos eletrônicos.
O
caminho para este estímulo surge com a disponibilidade e oferta de atividades
que exigem a criatividade, a experimentação, a partilha e o desafio de serem
protagonistas em seus coletivos.
Autora:
Fernanda Gusso Rosa Meller é professora no curso de Pedagogia do Centro
Universitário Internacional Uninter.
Comentários
Postar um comentário